Quem sou

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Se tudo se fizer ao nada, do nada retornará tudo e milagres desvanecerão se nada se fizer em tudo.

domingo, 28 de dezembro de 2014

Ao largo das lágrimas

No resto dos rastos
Ainda encontro-te
Entre o velho casulo
E a bandeira rasgada
Entre estradas e mitos
De uma vida abastada
Vivida no molde turvo
De pequenos nichos
Do coração dissecado
Na bainha de memórias
Ao largo das lágrimas
Tecidas em miniaturas
Caídas do teu sorriso
E do toque imperfeito
Abandonado no regaço
Frio e sóbrio da pele
Atada em ossos frágeis
Desse corpo que te deseja
Esse que hoje repousa
No sonho do reencontro
Entre a dama e o vagabundo

by Johnny Pina

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Escravo Promíscuo

O pobre coração adormeceu
Sou de gostar e não de amar
Saudades crescem na carne
E no desejo, morrem na cama

A pele esfriou no baile da vida
Toca-lhe para assim aquecê-la
E depois de a usares a gosto
Deixa que volte a ser morto-vivo

O corpo padeceu em clausura
Os olhos não guardam sabores
Esses forjados na promiscuidade
E no amor insano e inexistente

by Johnny Pina

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Testemunhos da rosa

No outono foram mil
Testemunhos da rosa
Histórias no cantil
Nevoeiros em prosa

Mãos sós e perdidas
As falésias errantes
De vidas esquecidas
Nos braços amantes

Verme inverno, inferno
Enferma estrada crua
Escondido no caderno
O desenho de ti, nua

by Johnny Pina

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Ami Go?

Rabu pasa katxor
Kankan foga tabakeru
Na tera di uns i otus
Nhu nhaku kori di tronu
Nun txabeta "sporádiku"

Mininus nasi ku barba
Kamuga bira prizenti
Nburdiadu ku astusia
Na préga di tudu santxu
Ki ta madorna na kalseta

Ami gó, undi nta ngatxa?

Kombersu sabi e fumu na bentu
Na inu di tudu rastafary
Sen ruspetu pa koz di kalsa
Ki bira amparu di koka
Na mola di tudu pe ta springa

Yah nha cuz. Ami undi nfika?

Feru bedju bira ta kria boka
Sen nuson ta kuspi na karni
"Korpu e di txon, alma e di Dios"
Viaji iternu pa dor ku lagua
Na boka di tudu poti di odju

by Johnny Pina

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Separação

na aba da eterna saudade
nasceu o eco de uma lágrima
e em abraços nulos, partiu
sem deixar uma única esmola

a esperança estendida a meia haste
no luto da melancólica separação
bronzeada na fauna de um adeus
tecida entre soluços moribundos

arrastando as asas dos versos
em estrofes miúdos de nostalgia
pousou a cara no chão, chorando
a cada passo que os distanciava

by Johnny Pina

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Viver vivendo

Vivo entre o pulsar
A dança e o medo
De tantos segredos
Deste pequeno mundo

Vivo de esmolas
De desejos e sonhos
Das amizades limpas
No pecado de vozes

Vivo, pra não morrer
No sufoco da morte
Sem sorrisos alegres
Na alergia da vida

Vivo entre penúrias
O som e o silêncio
De olhares culpados
Volvidos de saudades

Vivo em cada passo
No alpendre do amanhã
Guiado pela destreza
De sair cantando por aí

Vivo na dança de vencer
E nunca mais viver
Se não puder cantar
Os sonhos desta vida

by Johnny Pina

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Renascer

Nada mais do que reticente
Entre pequenos olhares mudos
O julgamento do passado sombrio
Que cessa-se no recolher da alma

A imundice no revés do corpo
Abraçada à paz do pobre espírito
Num sonho bordado às avessas
De esquecer aquele perfume fétido

Nada mais por receber do inferno
Das memórias embutidas na veia
Do desejo mestre de renascer vivo
E não mais proliferar o ódio presente

by Johnny Pina

domingo, 5 de outubro de 2014

Levai-me e...

abrigai-me na sua pele
à parte, reparta-se comigo
onde o nevoeiro não fale
nem o sino nos espreite

cedei-me a sua sede
e no seu ventre tão puro
permitai que me multiplique
no silêncio de um broto

recuse-se ao seu temor
pois nada lhe darei mais
além do doce joio do amor
que transborda os meus limites

by Johnny Pina

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Futuro

Futuro
Quem te tem a chave?
Não te conheço, mas quero-te
Eu faço-te e em ti sou feito
O que me reservas?
Ou devo reservar-me em ti?

Chegas no presente
Em cada segundo vivido
Que já faz parte do passado
Em cada segundo que passou

Futuro
Serás tu tão incerto?
Pertences a Deus, mas eu vivo-te
Preocupas-me tanto
Que esqueço-me do presente
E nunca te viverei
Se não te construir agora

by Johnny Pina

Brasan

brasan bu fitxan na bu petu
ingodan so ku bu txeru
ko dexa ora pasa sen bu beju
nen dia troka sen bu toki

brasan bu fitxan na bu petu
ka bu dexan durmi mi so
fazen sunha kada bes mas sabi
lapidu dentu bu morabeza

brasan bu fitxan na bu petu
sen voz, so ku boka, so ku mon
leban pa undi ten so nos dos
sen demora mas tambe sen presa

amparan na bu alegria
dan forsa di kaminha sempri
nha mundu majiku, nha kumpanhera
brasan bu fitxan na bu petu

by Johnny Pina

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Triste É

Triste é
Pra outra coisa não ser
Mais do que viver só
É não ter conversa viva
Na calada da história

Vida nefasta
Num beco estreito
Onde triste é
Pra não ser outra coisa
Mais do que um olhar mudo
Buscando misericórdia

Amor é
Pra outra coisa não ser
Apenas a pancada viva
Num beco estreito, a dois
Triste quando acaba
Nessa vida nefasta

Amor
O que é, senão triste?

by Johnny Pina

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Morra de Pé

Morra de pernas cruzadas
De pé numa lágrima solta
No vento que veio do alto
De pequenas velas acesas
Onde o sonho descansa só

Morra abraçado ao limite
De caber numa alma risonha
Onde o mundo nada faz temer
Senão morrer de várias mortes
Antes da vida escoar dos olhos

Morra com esperança na vida
Que jorra no sorriso poético
Entre os mártires do tempo
Que cresceram na amizade
De pequenos versos cantados

Morra a morte completa da vida
E deixe nesta morte a saudade
No desespero dos que aqui ficam
Tecidos no cantinho de lembranças
Onde a morte não poderá matar

by Johnny Pina

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Mordaça aos versos

Um vazio na mente
Mordaça completa
Silêncio perturbador

Na alma de gente
Essa dor indiscreta
Fez crescer o temor

Caminhar em segredo
Num olhar solitário
E de cara fechada

Abraçado pelo medo
Sepultou-se o vigário
Ao longo da estrada

Mordaça aos versos
Estrofes silenciadas
No andar rastejante

Pensamentos submersos
Em palavras esgotadas
Num inferno inquietante

by Johnny Pina

domingo, 8 de junho de 2014

O teu inferno

Anjos e demónios em mim vivem
No calabouço das minhas trevas
E o mais temível ser do meu ser
No teu inferno quer deixar-se perder

A proa de uma chama ardente
No arregaçar das minhas chagas
Não reconhece o temor do passado
Este que acendeu a minha escuridão

Das sobras que de mim sobrou
Terás um demónio caído de amores
Nas cicatrizes de um anjo sonhador
De pele fria e de olhar destemido

by Johnny Pina

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Almas promíscuas

Senti um forte estalo destemido
Que não me arrancou a barba
Mas incendiou-me as entranhas
E num olhar deveras maléfico
Suplicou-me que lhe espancasse

Palavras sujas nos seus lábios
Atiravam carvão à nossa fogueira
Ardendo as nossas peles fundidas
E o seu gemido adornava as horas
Naquela noite de arrepios intensos

Os anjos fugiram do nosso antro
Tamanho era o teor do nosso pecado
E a sós num frenezim de desejos
Suas pernas abraçaram o meu quadril
E bem lá no fundo, deixei-me perder

by Johnny Pina

Caminhar

Num silêncio ensurdecedor
A pronúncia figurava-se nua
E num canhoto de cano sujo
Cada travo ditava um verbo

Quem buscou outra estrada
Não levou mais desta terra
Senão as vozes do passado
No eco de cada passo dado

Volumes inertes na viagem
Vertigens de vozes caladas
Na mente oprimida do ser
Lastimado em cada olhar

Quiz-se assim esta morte
Silenciosa, porém pervertida
Na berma desta longa estrada
Onde a vida não tem sossego

by Johnny Pina

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Pegadas de uma lágrima

Oiço uma gota que se forma
No reboliço da meia noite
Entre o olhar do vento miúdo
Que se alastra no silêncio

A gota de um sol desapontado
Que se perdeu entre palavras
Sem o conforto da sua chegada
Na marinha de um abraço pobre

Sigo as pegadas dos ponteiros
Deste meu relógio incansável
E embalo a noite numa lágrima
Que murchou nos meus soluços

by Johnny Pina

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Gritu Maguadu

Madrugada di odju ragaladu
Boka pidin agu di bu boka
Peli rapiadu grita maguadu
Dizisperadu ta spera po toka

Banda di li o di la e tudu kel me
Un febri di sodadi lapidu na mi
Brasan i kubrin kabesa pa pe
Mi so nta buskau i bu ka sta li

Noti klaru i dentu mi kau sukuru
Riba nha kama karegadu xintidu
Na nha menti un mar di murmuru
Sen bo, sen sonu nsa xinti perdidu

So un sobradu sen vida
Disgostadu sen sombra
Ta da na sentu i na tampa
Nes buldi grandi di Deus

by Johnny Pina

domingo, 30 de março de 2014

"Ego Sum Via"

Sou rei
Sem fronteiras, sem barreiras
Sou rei

A ordem dada aos quatro ventos
Numa gula de posse incessante
Que julga o suor dos ímpios seres

Sou lei
Sem conversa, nem controvérsia
Sou lei

O equilíbrio entre o norte e o sul
A glória de vidas equiparadas
Onde a injustiça não tem fama

Sou ordem
O progresso dos que se curvam
Sou ordem
A desgraça dos que fazem frente

by Johnny Pina

sábado, 22 de março de 2014

Minha

Musa do meu sentir
Glória do meu olhar
Que nada possa pedir
Além de poder te amar

Rainha dos meus medos
Calma da minha saudade
Que não hajam segredos
Apenas amor de verdade

Brisa do meu amanhecer
Artesã do meu doce amor
Haja felicidade em te ter!

Minh'amada menina mulher
Quero sempre o teu calor
Se também Deus assim quiser

by Johnny Pina

quinta-feira, 20 de março de 2014

Desperta-me

Desperta-me
Como um cantar de galo na alvorada
O seu sorriso brilha na minha mente
Noites e dias está sempre presente

Acompanha-me
A cada passo que dou nessa estrada
O seu perfume de mulher me abraça
E nem sinto como este tempo passa

Inquieto, procuro-a na saudade do dia
Em muitos textos moldados de alegria
E o tempo eterniza-se ao som de magia

by Johnny Pina

Fusão

E o céu nos abençoou
Numa noite estrelada
De lua mansa à espreita

O nosso corpo mostrou
Que de alma unificada
Qualquer amor se ajeita

O seu sorriso demonstrou
Que, nua e de mão beijada,
A união foi doce e perfeita

by Johnny Pina

sexta-feira, 7 de março de 2014

O fardo

Despe-me as sombras
De minh'alma tristonha
Vende-me aos tostões
Agachados na algibeira

Enforca as minhas rebeliões
Pobre fardo desgraçado
Amontoando nos olhos
O véu do meu triste fado

Prende-me no meu medo
Ata-me na viela solitária
Do tempo que eu passei
Na ilusão dessa viagem

Se amor não for certeza
Pois então que eu fique
Na caravela dos sonhos
Em minhas ruínas, caído

by Johnny Pina

domingo, 2 de março de 2014

Naufrágio

Naufrágio,
A fé caminhante do homem
Além mar, propósitos vivos
Das ondas de poucas marés
Dadas a caravelas murchas
Estendidas na praia viçosa

Sonhos
Na luz de uma vela estendida
Aos ventos de todos os mares
Em punhos voam mil séculos
Ferventes na imagem de ontem
Saudosas tempestades nocturnas

Horizonte
Em sonhos vazios naufragados
Escondem-se as lágrimas do Sol
No bater das asas da maresia
Soletrando as covas da viagem
E assim vai, a alma se perdendo

by Johnny Pina

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Ao Despertar

Uma nesga luz rugia
Beijando a sua silhueta
E tudo o que não podia
Era ficar pela punheta

Livrando-me dos lençóis
Apalpando aquele rabo
Os mamilos feitos faróis (...)
Não foder é coisa de nabo!

Que eu não morra agora
Sem chupar este doce grelo
Depois que vá em boa hora
Sabendo que pude comê-lo

by Johnny Pina

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O teu perfume

Que se faça a antologia
Não a da arte poética
Que se abracem memórias
Costurem as saudades
E numa impaciência amiga
Se estampe na tua rua
As faces do meu coração

Os reflexos das artérias
Palpitando em seca bruma
O calor de ti tão ausente
Derrame numa nota de luz
E se faça poesia corporal
À sombra da sinfonia gerada
No compasso da tua bela boca

by Johnny Pina

Sai satanás!

Que morra mordida
Cobra criada. Cruzes!
Ave de rapina no céu
Víbora de quatro nós

Venenosa, esbelta, só
Na proa da amargura
Que morra mordida
Sem o som da glória

Que leve consigo tudo
Na boina da má sorte
Até os dons do beijo
E que morra sozinha

Que a cova não durma
Nas raízes dos bichos
Vil cobra sorrateira
Que nunca descanse!

Que vá sem ter volta
Revolta? Que nunca seja
Mais do que uma cobra
Que morreu mordida

by Johnny Pina

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Era uma vez

Palavras tóxicas a céu aberto
Num segundo eternizado de tristeza
Caíram no regaço do pobre coração
E vi a Lua morrer numa lágrima

Numa marcha sólida e putrificada
Eu vi o arco-íris a preto e branco
Separando a vida do corpo gélido
E o mar veio morar nas pestanas

Eu vi as horas desvanecerem a sós
O mundo estupefacto cancelou a viagem
À beira de uma sinopse possante
Que murchou nos lábios do silêncio

by Johnny Pina

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Esperar

As cruzes das sinfonias
Entre os justos vendavais
Bajulados no candeeiro
Do olhar sereno e atento
Nas praças da inquietude

Vozes semeadas na mente
Mente ruidosa, boca fechada
Olhar saturado, alma saudosa
Momentos inquietos, silêncio
Na costura da tardia chegada

À espera do farol ao longe
Amputado desejo de estar
Numa premissa invertebrada
Que esmaga o frágil sonho
Numa contradição de vozes

Num abraço de cor demorada
A cimeira de sorrisos gloriosos
Crescente júbilo, as horas voam
Num complemento das almas
E Touché, livres corpos selados

by Johnny Pina

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Vícios

O vício conserta as minhas falhas 
Preciso tanto dos meus erros 
Porque nunca exageraram os meus medos

É errado não errar, por vezes
Que o medo não seja barreira
Vícios, não guardam tais lições
Se viver não for de aprendizagem

...a precisão dos erros
Na verdade todos os nossos erros 
Oferecem-nos uma escapatória 
Por vezes a advertência 
É o caminho de regresso às coisas estáticas 
Como abraçar uma árvore

Vou continuar a fumar 
Os meus signos e atropelos

Que o mundo nos condene
Arregaçados na aba do julgamento
Sustentados pelos vícios que amamos
De coração livre na overdose
De ser feliz no cantinho da vida
Com a alma repleta de orgasmos viciosos

Cada pancada é um ruído bizarro
Do demónio a rasgar-nos os tímpanos 
Ou de Deus, na Sua angústia de não ter vícios
Como um rei de mãos atadas para a sentença.
Os viciados são os felizes imortais
Transformados em morcego, por apreciarem a noite.

by Johnny Pina & Rony Moreira

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Amar não basta

Ignorei-me
Num capricho bisbilhoteiro
Porque amar por si só não basta

Perdões aos gestos
Crucificados corações sangrentos
Porque amar não é razão total

Estatelei-me
Tenra e ingénua crença
Num amor nunca, jamais suficiente

Porque amar não é razão total
Porque amar por si só não chega
Num amor nunca, jamais suficiente

Estatelei-me
Ignorei-me
Perdoei

by Johnny Pina

domingo, 12 de janeiro de 2014

Liberdade

De asas soltas na paisagem
Como um broto no orvalho
Pela estrada imune ao medo
Dar vez e voz aos sonhos

De armas em punho, liberdade
Pela eterna paz, a guerra
Como se não bastasse sofrer
A vida, na vontade de ser livre

No corpo sem género definido
O povo, pobre gigante flagelado
Na lareira das lágrimas, a luta
Pátria amada, de gente expectante

"Sol, suor, o verde e o mar,
Séculos de dor e esperança;
Esta é a terra dos nossos avós!
Fruto das nossas mãos,
Da flôr do nosso sangue:
Esta é a nossa pátria amada."

by Johnny Pina