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Se tudo se fizer ao nada, do nada retornará tudo e milagres desvanecerão se nada se fizer em tudo.

domingo, 16 de junho de 2013

Voz carnal

Natural, assim como deve
Dissolvido no corpo carente
Não é praga de tom breve
Movendo-se como uma serpente

Não pede licença ao espaço
Nem pede, tão pouco, à hora
Chega trazendo o embaraço
Do "querer tudo no agora"

Ocupa toda a alma indefesa
Patrulhando todos os gestos
Com o seu toque de gula obesa
E tudo o resto são restos

by Johnny Pina

terça-feira, 11 de junho de 2013

Partir


O adeus não foi suficiente
No nó da voz, as lágrimas
O lenço da penosa saudade
Acenava à partida do sossego

A bordo do mar, a incerteza
O desespero da vida longínqua
Nas terras da madrugada fria
Semeado no pão do amanhã

Ver o vento vibrante voar
Nas ondas do vapor da viagem
Rebocado na senzala do medo
De nunca mais a terra pisar

by Johnny Pina

sábado, 1 de junho de 2013

Gregórios e Ressaca

Foi tudo o que não quiz
Nas fechaduras dos copos
Ser mais uma mão à deriva
Perdida na garganta da noite

Sem freio no caldeirão da porta
Dar-me ao mundo das batucadas
À meia luz dos saltos e gritos
Roçar a abanar a alma no vento

Foi tudo o que não quiz
Morrer no esqueleto da cama
Abraçado aos gregórios que chamei
Na ênfase do escuro do meu quarto

Acordar numa outra vida
Com a sentença do Sol a pique
Com o rugir dos pratos e colheres
Na nota da cevada, curar a ressaca

Foi tudo o que não quiz

by Johnny Pina