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Se tudo se fizer ao nada, do nada retornará tudo e milagres desvanecerão se nada se fizer em tudo.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Sobre-Vivo

Ao som da neblina
A saudade vulnerável
Numa manhã mórbida
De quem carrego em mim

Chove nesta manhã de orvalho
Lágrimas derramadas na veia
E velhas, a saudade, as cinzas
Abraçam o enterro da voz

Poupo-me do jazigo da mente
Vendo-me ao carrasco do tempo
Se morrer for a única paz

E ainda nesta manhã arruinada
Sobrevivo sobre o vivo da carne
Que ainda não morreu de saudade

by Johnny Pina

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

No alcova

# Biscate #

À noite faremos a disputa
Chamando a putaria à tona
Chama-me de tua grande puta
Mas, peço-te, usa-me essa cona

Esgana essa minha vergonha
Despe-me a razão e fode-me
Faz o que o teu desejo sonha
E se eu desmaiar, sacode-me

# Cafetão #

Não se ensina o padre o evangelho
Enquanto durar o maço, minha serás
E sempre a puta do meu camarote
Sacode a cabeça e cai na tourada

O verdugo falo tomou as rédeas do meu eu
Afã entre si, espera pela matriz da sua alcova
Despe a alma e veste a tua putaria 
Que hoje o cafetão dispensou a suite

by Johnny Pina
e Artemisa Ferreira

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Kuatu, Dos, Un

Di kuatu, má nos era dos
Mi kuel fundidu, nu era un
Mi di tras, el di dianti
Di kuatu, ma nos era dos
Mi ta subi ta dixi
El ta rema ta gemi
Mi kuel fundidu, nu era un

Suor ka ta distrinsa
Sábi tinha rostu maguadu
Ma simé era sábi sen dor
Folgu falta, má fika mas sábi
Spritu abri, razon perdi
Nkarinbal kadera ku palmada
Ntxomal di tudu ki ben na boka

Noti nomada, tezon, un kaza
Kuzinha sen kumida, má kumedu
Sala bira kuartu sen kama
Mesa bira kama sen lansol
Tempu pasa sen tempu pára
Mon ka tinha governu
Korpu ka tinha kumandu
Kama era so pa diskansu

by Johnny Pina

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Fôlego Solitário

As forças acabaram
As rugas chegaram
Os cabelos esbranquiçaram
As pálpebras cairam
As experiências se acumularam
E o tempo foi passando

A carcaça ainda resiste
O bom dos olhos o tempo levou
O sabor já não me é igual
O toque frio é-me indeferente
O meu cansaço é constante
E a hora da morte não preocupa

Já não oiço o sangue palpitar em mim
Vivo porque resta-me o fôlego
Os sonhos ganharam cãibras
E a minha voz fragmentada
Enamorou-se pela minha solidão
À beira da calvice dos meus dias

E assim o tempo foi passando
A hora da morte não preocupa

by Johnny Pina