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Se tudo se fizer ao nada, do nada retornará tudo e milagres desvanecerão se nada se fizer em tudo.

sábado, 18 de maio de 2013

Coração ateu

Anda a trote o coração ateu
Cravado no dorso da vil frieza
Celebrando o amor que morreu
Numa nota sinfónica da tristeza

Anda a trote o coração ateu
Às moscas nas ribeiras dos pés
Rogando ao tempo que o esqueceu
Em vagas míseras de várias marés

Anda a trote o coração ateu
Apedrejado no cimento do calvário
O único piedoso que o acolheu
Quando nem o tempo foi páreo

Anda a trote o coração ateu
Guiado por todos os pontos cardeais
Ao relento da penúria que viveu
Em pequenas memórias reais

by Johnny Pina

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Criatura Mistério


Vede os olhos fixos da criatura
Aos passos da noite, sedenta
Uma noite é tudo quanto dura
Se nos céus houver Lua atenta

Escutai o pouco olhar do seu ser
Volvidos em corações de fumaça
Das vidas que conseguiu esconder
Nos seios que, ao passo, arregaça

Vivida, no alpendre do seu sorriso
Voa em prole da felicidade alheia
Trilhando a noite, só e sem juízo
Aos olhos dos homens em alcateia

Na noite todos os gatos são pardos
A par e passo, caminha por ali além
Aliviando os esfomeados dos fardos
Criatura que não pertence a ninguém

by Johnny Pina

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Ela


Os olhos de Lua crescente
Gemidos ao ar insuficiente
Cabelos molhados pelo amor
A sua pele irrigada pelo suor

De uma boca de lábios macios
Soltos os mamilos feito vadios
Esbracejava ao ritmo da paixão
Perdida nos lençóis dados ao chão

Numa voz trémula e cantada
Com as ancas em debandada
Curou a noite em doce refrão

Suspirando suave a meia boca
Era a senhora da magia louca
Da hora, do sexo, da imaginação.

by Johnny Pina