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Se tudo se fizer ao nada, do nada retornará tudo e milagres desvanecerão se nada se fizer em tudo.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Almas promíscuas

Senti um forte estalo destemido
Que não me arrancou a barba
Mas incendiou-me as entranhas
E num olhar deveras maléfico
Suplicou-me que lhe espancasse

Palavras sujas nos seus lábios
Atiravam carvão à nossa fogueira
Ardendo as nossas peles fundidas
E o seu gemido adornava as horas
Naquela noite de arrepios intensos

Os anjos fugiram do nosso antro
Tamanho era o teor do nosso pecado
E a sós num frenezim de desejos
Suas pernas abraçaram o meu quadril
E bem lá no fundo, deixei-me perder

by Johnny Pina

Caminhar

Num silêncio ensurdecedor
A pronúncia figurava-se nua
E num canhoto de cano sujo
Cada travo ditava um verbo

Quem buscou outra estrada
Não levou mais desta terra
Senão as vozes do passado
No eco de cada passo dado

Volumes inertes na viagem
Vertigens de vozes caladas
Na mente oprimida do ser
Lastimado em cada olhar

Quiz-se assim esta morte
Silenciosa, porém pervertida
Na berma desta longa estrada
Onde a vida não tem sossego

by Johnny Pina