Arrastava os seus pés na poeira
O Sol a pique vigiava o mundo
Ombros curvos, mão na algibeira
Caminhava, com ar de moribundo
Longe da ribalta de soltas bocas
Trazia consigo um leve andar
Tartamudeando por coisas poucas
E a cada dois passos via-se cansar
Numa rua solitária e sem direcção
Procurava a estrada do descanso
Com uma ponta de cigarro à mão
Guiava-se sem rumo, sem balanço
Perfumava com suor o seu trajecto
Trazendo nos cabelos a imundice
E nas suas rugas almejava um tecto
Que, para amparar a noite, servisse
by Johnny Pina