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Se tudo se fizer ao nada, do nada retornará tudo e milagres desvanecerão se nada se fizer em tudo.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Espelho meu


Num punhado de vazio acorrentado
A esperança fértil e concomitante
Pingava nas veias daquele coitado
Enquanto fugia pela vida adiante

Vil estrada que animava o cansaço
Em dose de lágrimas amordaçadas
Numa mocidade fria e sem espaço
Repousavam as lamurias esgotadas

Espelho meu, amado espelho meu
Vejo em ti o eu que nunca existiu
Abraçado pelo amor que o esqueceu

Espelho meu, quem é que me mostras?
Sou a presença de quem sempre desistiu
Não há vida, aceitas as minhas apostas?

by Johnny Pina

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Sangue Derramado


No regaço sombrio da porta
Uma nesga luz bailava
Ao ritmo rude dos olhos da pedra
Clareando o cheiro transparente

De uma mala vazia no canto
O sangue aprodecia quieto
Longe das línguas escarpadas
Dos homens de vidas empoeiradas

Forjadas as manhãs na caneta
Em tintas redondas de lamúrias
A cidade acordava em tumulto
Preso nas palavras cinzentas do povo

Enaltecendo, em perigeu, o cálice
Lisérgico em gotas sarcásticas
E, robusto de pânico, a fé desvanecia
Guardada na pequenez do coração

by Johnny Pina

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Toque frenético


Entre as suas belas coxas
Humedecida pelo desejo
Na ponta dos dedos brindava
O festim de mais uma noite
Agarrada aos lençóis do prazer
Vendo-se crescer em seus olhos
O gemido da sua alma possuída

Em toques gritantes de indecência
A língua nos seus lábios dançava
Guiando as suas mãos pelo corpo
Entregue ao som da sua paixão
Frenética e sozinha no seu mundo
Ao calor da Lua cheia saciava-se
Agarrada aos lençóis do prazer

Na sua respiração quase ofegante
Ouvia-se a confissão de loucura
Quando os seus dedos a penetravam
Num vai e vem molhado e descompassado
E sua alma, ali, gemia por socorro
Satisfeita, aos poucos caía em silêncio
Nos seus mamilos que içaram bandeiras

by Johnny Pina