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Se tudo se fizer ao nada, do nada retornará tudo e milagres desvanecerão se nada se fizer em tudo.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Ao Despertar

Uma nesga luz rugia
Beijando a sua silhueta
E tudo o que não podia
Era ficar pela punheta

Livrando-me dos lençóis
Apalpando aquele rabo
Os mamilos feitos faróis (...)
Não foder é coisa de nabo!

Que eu não morra agora
Sem chupar este doce grelo
Depois que vá em boa hora
Sabendo que pude comê-lo

by Johnny Pina

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O teu perfume

Que se faça a antologia
Não a da arte poética
Que se abracem memórias
Costurem as saudades
E numa impaciência amiga
Se estampe na tua rua
As faces do meu coração

Os reflexos das artérias
Palpitando em seca bruma
O calor de ti tão ausente
Derrame numa nota de luz
E se faça poesia corporal
À sombra da sinfonia gerada
No compasso da tua bela boca

by Johnny Pina

Sai satanás!

Que morra mordida
Cobra criada. Cruzes!
Ave de rapina no céu
Víbora de quatro nós

Venenosa, esbelta, só
Na proa da amargura
Que morra mordida
Sem o som da glória

Que leve consigo tudo
Na boina da má sorte
Até os dons do beijo
E que morra sozinha

Que a cova não durma
Nas raízes dos bichos
Vil cobra sorrateira
Que nunca descanse!

Que vá sem ter volta
Revolta? Que nunca seja
Mais do que uma cobra
Que morreu mordida

by Johnny Pina

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Era uma vez

Palavras tóxicas a céu aberto
Num segundo eternizado de tristeza
Caíram no regaço do pobre coração
E vi a Lua morrer numa lágrima

Numa marcha sólida e putrificada
Eu vi o arco-íris a preto e branco
Separando a vida do corpo gélido
E o mar veio morar nas pestanas

Eu vi as horas desvanecerem a sós
O mundo estupefacto cancelou a viagem
À beira de uma sinopse possante
Que murchou nos lábios do silêncio

by Johnny Pina

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Esperar

As cruzes das sinfonias
Entre os justos vendavais
Bajulados no candeeiro
Do olhar sereno e atento
Nas praças da inquietude

Vozes semeadas na mente
Mente ruidosa, boca fechada
Olhar saturado, alma saudosa
Momentos inquietos, silêncio
Na costura da tardia chegada

À espera do farol ao longe
Amputado desejo de estar
Numa premissa invertebrada
Que esmaga o frágil sonho
Numa contradição de vozes

Num abraço de cor demorada
A cimeira de sorrisos gloriosos
Crescente júbilo, as horas voam
Num complemento das almas
E Touché, livres corpos selados

by Johnny Pina

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Vícios

O vício conserta as minhas falhas 
Preciso tanto dos meus erros 
Porque nunca exageraram os meus medos

É errado não errar, por vezes
Que o medo não seja barreira
Vícios, não guardam tais lições
Se viver não for de aprendizagem

...a precisão dos erros
Na verdade todos os nossos erros 
Oferecem-nos uma escapatória 
Por vezes a advertência 
É o caminho de regresso às coisas estáticas 
Como abraçar uma árvore

Vou continuar a fumar 
Os meus signos e atropelos

Que o mundo nos condene
Arregaçados na aba do julgamento
Sustentados pelos vícios que amamos
De coração livre na overdose
De ser feliz no cantinho da vida
Com a alma repleta de orgasmos viciosos

Cada pancada é um ruído bizarro
Do demónio a rasgar-nos os tímpanos 
Ou de Deus, na Sua angústia de não ter vícios
Como um rei de mãos atadas para a sentença.
Os viciados são os felizes imortais
Transformados em morcego, por apreciarem a noite.

by Johnny Pina & Rony Moreira

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Amar não basta

Ignorei-me
Num capricho bisbilhoteiro
Porque amar por si só não basta

Perdões aos gestos
Crucificados corações sangrentos
Porque amar não é razão total

Estatelei-me
Tenra e ingénua crença
Num amor nunca, jamais suficiente

Porque amar não é razão total
Porque amar por si só não chega
Num amor nunca, jamais suficiente

Estatelei-me
Ignorei-me
Perdoei

by Johnny Pina