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Se tudo se fizer ao nada, do nada retornará tudo e milagres desvanecerão se nada se fizer em tudo.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Vida e Paz

De alma vazia a vida é insípida
Ao som iluminado da verdade
Ambulante corpo afunilado no tempo
Na maçaneta da discórdia torna-se
Imaculado de sabedoria
A casa perfeita do demónio

Vida e paz
Só morre quem nasceu, cresceu e morreu
Se não viveu, não será imortal
Na memória minúscula de seres
Azedos de miséria de córdia
Na luz do papel afagado no silêncio

De alma vazia a vida é insípida

Só morre quem nasceu, cresceu e morreu
Se não viveu, não será imortal

by Johnny Pina

domingo, 23 de dezembro de 2012

Tempos de Outrora


Não sou de ontem
Nem tão pouco de hoje
Sou do tempo intemporal
De um tempo virtual
Onde o tempo voa
Na imaginação temporária
Do tempo que falta viver
Nos tempos que vão passando

Não sou um ser
Sou uma mescla homogénea
A vivência de seres mundanos
Neste mundo de tempo apressado
Onde os dedos já não fazem contas
A mente já não computa o tempo
No tempo escasso em que posso escrever

Onde estarei amanhã não sei
Guio-me solstíciamente pelo tempo
E pelo tempo deixo-me curar da falta dele
Levando na alma os tempos bons que vivi
À sombra de seres que conheci
Uns por muito e outros por pouco tempo.

by Johnny Pina

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Sinais


- Não é verdade!
A seiva da minha seita
Não aceita o calvário da minha imprudência
Não me revelo à imaginação
Se não tiver forças no meu olhar
Minhas palavras são inúteis à sombra da desunião

- Mas, irmão
De que vale contra o mundo rebelar
Crescendo no silêncio da canção
Como o discurso saudado pela demência
Em lapsos de virtude de uma vida direita
Morrendo só à luz da desigualdade?!

- No meu caminho vejo sinais
Que dispam do meu mundo real
Sinto vivamente a presença divina
Mas a alma, esta, casou-se com ela
À sombra do pecado, naquela tarde

- Não te julgues um cobarde
Por render-se a uma jovem tão bela
Vê-se os seus encantos no seu jeito de menina
Mas, lembra-te do teu propósito espiritual
Da tua seita e de todos os seus rituais.


[Prosas] - by Johnny Pina

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Mundos contrários


Na pedra do corvo
Como no céu do nunca
A silhueta hiperbólica
Tão longe da alma da gente
Em dias de rafeiro, a noite
Ampara o soluço do ninho
De mares quebrados em ondas

É saudade
Tão fria como o carvão da memória
Esquecida no lume das migalhas
Na pedra do corvo, a noite
Tão clara como a voz do sarcófago
Dizimada pela dinastia da alma
Em mundos contrários deste mundo

Não faz sentido
Caber no dedo e não na presença
Ter o medo da viagem
Sem arredar os pés da pedra do corvo
Plantando a cabeça na glória
De paz inglória do vento de leste
Deixando no dedo a poeira do ninho
Tão vazio neste mundo de mundos contrários.

by Johnny Pina

São opções


Já a vi ser cantada
Por poetas celebrada
Em terras de tudo e de nada
Já a vi ser amada
Ao Sol e na madrugada
Por homens e mulheres partilhada
Já a ouvi ser chamada
Pelo sorriso da criançada
À roda e em forma de tabuada
Já a vi ser criada
Na praia, no quarto, numa escada
Pela alma sempre apaixonada
Já a vi ser abençoada
Pelo homem e a sua amada
Numa aliança divina conjugada
Já a ouvi ser julgada
Pela mente na ignorância soterrada
Como um mastro de piada
Já a li num conto de fada
Por amor, salva pela espada
E no amor muito bem guardada.

by Johnny Pina

Simiadu na fé di txuba


Como fumaça ao sabor do vento
O tempo não conjugado no dedo
Tremulo coração o do agricultor
Via a tarde desvanecer aos olhos
À medida que contemplava o campo
Solitário este entre os rochedos
Por nuvens que se fizeram a outros rumos

Franzida a sua alma guerreira
Em sua face amordaçada pela angustia
Encostados à enchada, os seus braços
Seguravam em seus pensamentos
Enraizado na terra empoeirada
A sua esperança de crioulo
Acrescida à sua fé monumental

Semeado na fé das chuvas vindouras
Arrebatado pela força do seu coração
De volta para casa levou o seu dia
Com a promessa de num novo amanhecer retornar
Com as sementes de uma nova esperança
Abençoadas pela Graça do Pai Celeste
Que mesmo em árida terra
Serão o pão da vida à volta de sua mesa.

"se ka na pedra e na penedu
se ka na kurason e na alma
nha ba-u di speransa ka ta fitxa
si txuba ka txobi n'ka ta durmi
nha fê na Deus e mas grandi ki mi
ma nunka pasa-n nh'altura
si e ka na inxada e na paduku
si e ka na pratu e na palmu mo-n
nha petu dentu mi ta ferbi di fe
ku oraso-n pa Pai di mundu n'ta simia
dentu pedregal, un sustentu-l familia
suor na testa, txapu txapu ta disprinda
ku vontadi pa nuven pinga sima mi n'sa pinga
un gota li, un gota la na raiz di nha simentera".

by Johnny Pina